Bangalore, India
16 de maio de 2013
Continuação do post Aprenda a Olhar Além
Ele continua dizendo, 'Iccha-dvesha-samutthena dvandva-mohenabharata. Sarva-bhutanisammohamsargeyantiparantapa'. (7.27)
Senhor Krishna diz: “Porque que tantas pessoas não são capazes de me conhecer”? A razão é Ichha (desejos e súplicas) e Dvesha (aversões). Elas estão presas no meio dos desejos e aversões. Quando alguém é pego em Raaga (desejos intensos), ou consumido por Dvesha (ódio ou rancor), para com alguém, sua mente é preenchida de tal maneira que não pode ver nada além. Uma pessoa que anseia intensamente por alguém ou possui muito ódio por alguém, esta pessoa cai na armadilha de Moha (ligação).
Todas as criaturas vivas são afetadas por isso, e todas elas sofrem por essa razão.
Uma pessoa que está sofrendo e é miserável não pode ver nem entender nada mais. Mesmo quando algo bom está acontecendo ao seu redor, ela não está apta para ver. Esta pessoa vive no seu próprio mundo. Isto é Bhrama ou Bhranti (desilusão).
Quando esta pessoa tem um problema na vida, seja em relação a dinheiro, ou relacionamentos, etc., então tudo que ele consegue ver é o problema. Sua mente é completamente ocupada com o problema e nada mais. Ele passa seu dia e sua noite se preocupando com aquilo, até por anos, e não é capaz de superar.
Se alguém sofre a perda de alguma criança, então aquela perda dá um aperto tão grande que ele não é capaz de ver nada além disto. Isto é o que o Senhor Krishna chama de Moha (ligação). Ele diz: “Alguém que é apanhado por estas ligações não é capaz de me reconhecer como uma consciência pura que permeia tudo. Ele é incapaz de reconhecer meu brilho vasto. Eu sou tão vasto e tão majestoso, ele não é capaz de ver isto. Então por que isto acontece, e quem é capaz de me reconhecer?”
Ele explica no próximo verso: ‘Yesamtv-anta-gatampapamjananampunya-karmanam. Te dvandva-moha-nirmuktabhajante mam drdha-vratah’. (7.28)
Senhor Krishna diz: “Aquele que os pecados reduziram e que começou a receber os méritos das suas boas ações se torna livre dos conflitos de desejos e aversões, e me cultua dedicadamente. E também (por outro lado), Aquele que acredita em mim automaticamente se purifica dos seus pecados. Aquele que se refugia em mim, e me vê como sendo a pura consciência é libertado de todos os seus pecados, e todas as suas boas ações começam a gerar frutos”.
No próximo verso ele diz: ‘Jara-marana-moksaya mam asrityayatanti ye. Te brahma tad viduhkrtsnamadhyatmam karma chakhilam’. (7.29)
Senhor Krishna diz: “Aquele que deseja ser livre (dos problemas) da velhice e morte; Para aquele em que eu sou o único abrigo, e quem confia inteiramente em mim para tudo, esta nobre pessoa certamente atingirá o Brahman (o mais alto pedestal). Isto é o que espiritualidade realmente é. E estes são os capazes de entender as formas do karma também”.
Então ele diz: “‘Sadhibhutadhidaivam mam sadhiyajnamca ye viduh. Prayana-kale api cha mam teviduryukta-cetasah’. (7.30)
Aqui, Senhor Krishna diz: “Aquele em que os Punyas (atos com mérito) começam a gerar frutos está livre de todo seu sofrimento, e então começa a ficar atraído por mim. Aquele que os pecados não são purificados permanece na ignorância e ilusão”.
Esta é a diferença entre Paap (pecado) e Punya (mérito). Essa é a definição dos dois. Pecado é o que não permite à você vir pelo caminho espiritual. Veja, se você caminhar em direção à luz, a escuridão (da ignorância) automaticamente começa a desaparecer. Pecado é aquele que não deixa que você se mova para a luz. E isto é o que causa miséria, dor e sofrimento.
Nós vemos isto acontecendo nestes cursos e workshops. Pessoas que ainda se submetem a algum sofrimento e miséria não conseguem vir e vivenciar o curso. Seus karmas são tantos que não os permitem vir e experenciar o curso.
Eles não são capazes de vivenciar o Satsang, e mesmo se o vivenciam, suas mentes estão correndo para outro lugar. Tudo isso é por causa dos seus karma desfavorável (paap).
Aquele que andam por este caminho e recebem auto-conhecimento estão livres de sofrimento.
Com isto, o sétimo capítulo chega ao fim. No próximo capítulo, Senhor Krishna explica o que a espiritualidade realmente é. Espiritualidade é o que te trás mérito, e faz com que a luz (do auto-conhecimento) surja em sua vida.
Uma vez que você estiver neste caminho, você nunca se sentirá idoso. Pessoas velhas e idosas que estão no caminho espiritual mantêm seu entusiasmo até seu último suspiro.
Não importa o quão velhas elas se tornem, seus rostos ainda brilham com alegria e contentamento. Elas têm a inocência de uma criança. Então como você pode chamar alguém que tem a inocência de uma criança de velho? Como você pode chamar pessoas que não tem medo da morte e continuam sorrindo de velhos?
Quando uma pessoa entende completamente que Eu não sou o corpo, eu sou pura consciência, então essa força desponta nele. Como esta pessoa pode ainda temer a morte?
Essas pessoas se sentem livre da idade avançada e da morte (perceberam que sua verdadeira natureza é eterna). Elas são cheias de alegria e entusiasmo. Elas são livres dos conflitos de desejo e aversões.
Por outro lado você vê tantas pessoas que até o último momento de suas vidas se manterão preocupadas com seu filho, sua filha, seus netos, etc., (isto acontece com minha filha, isso acontece com meu filho). Você precisa perceber que todos trazem um karma consigo - parte disto é paap é outra parte é Punya - e precisa pagar os débitos do seu karma ruim e também experenciar os méritos do karma bom.
Senhor Krishna diz: “Mas aqueles que têm uma fé completa em mim são livres dos seus karmas e seus pecados são purificados. Isto que espiritualidade realmente é.
“As pessoas normalmente pensam que espiritualidade significa manter a prática do Karma Kaand (ritos e rituais de adoração mencionados nas escrituras) por toda as suas vidas. Mas estão erradas. Se você continuar mudando as miçangas de um japamaala (rosário) por toda a sua vida, isto não vai te trazer nenhum mérito. Mas uma vez que a fé pelo Divino toma força durante a sua vida, então aí sim.
Por exemplo, vocês estão todos sentados aqui em Bangalore. Você está consciente que está em Bangalore, não está? Alguém precisa lembrá-lo a todo o momento disto? Você precisa ficar entoando “Eu estou em Bangalore” por dez vezes para se lembrar de que está aqui? Quem faria uma coisa dessas? Alguém que tenha alguma dúvida. Se você está em Delhi, mas tem esse equívoco que está em Bangalore, então você precisa lembrar-se a todo o momento que você está na verdade em Delhi, não em Bangalore.
Então, quando o Senhor Krishna diz: “Acredite em mim com forte dedicação e uma fé constante”, Ele não está querendo dizer que você precisa ficar entoando o seu nome por todo o momento. Não, não é isso. Uma vez que você tiver fé nele, então pronto. Então você não deveria duvidar nem um pouco. Isto é o que realmente significa conhecer o divino. Uma vez que você o conhece e tem total fé, então ele ficará com você pra sempre. Este conhecimento não pode nunca diminuir, Ele sempre estará com você.
Ilusão nunca pode ficar por muito tempo. Ela vem e vai, não existe permanentemente. Já o conhecimento não pode ser destruído. E é apenas por causa desses pecados que o conhecimento é velado pela ignorância. Fazendo boas ações, o véu da ignorância se levanta e o conhecimento surge na vida. Isso é espiritualidade.
Há três tipos diferentes de Taapa (manifestações de energia divina): Adihautik (pertencimento ao plano material) Adhyatmik (pertencimento ao sutil plano espiritual) e Adidaivik (pertencimento ao plano celestial dos semi-deuses). Senhor Krishna diz: “Eu sou todos os três e também estou além deles”. E ele simplesmente deixa dessa forma, para que Arjuna possa lhe fazer uma pergunta, e também para checar se está atento ou não (risos). Ele quer checar se Arjuna está pronto para digerir todo esse conhecimento dado até agora. Então o Senhor Krishna lhe dá o conhecimento, mas no fim do capítulo deixa uma brecha para dar a chance de Arjuna refletir e fazer perguntas.