Montreal, Canada
“Uma tarefa pela qual você não espera receber nada em troca, mas está feliz apenas por executá-la, e esta ainda poderá trazer benefícios para outros, isto é seva.” Gurudev
Perguntas e Respostas
Querido Gurudev, por que fazer seva nos deixa com energia, diferentemente do trabalho de escritório?
Gurudev: Veja só, nós temos que fazer alguma coisa e continuamos a fazer esta coisa. Quando nós as fazemos, queremos algum retorno disso para nós mesmos. Agora, se você faz algo do qual você não espera nada em troca, e você somente quer ser prestativo na sua vida, isto chamamos de seva.
Uma ação pela qual você não espera receber nada em troca, e você está feliz apenas por executá-la, e esta pode trazer benefícios para outros, isto é seva.
Uma ação pela qual você não quer qualquer benefício para si mesmo, mas pelo contrário você quer beneficiar outros, isto é seva.
Qual é o propósito de Siddhi?
Gurudev: Ok, quando você quer alguma coisa, primeiro o desejo aparece se estiver disponível para você, isto é chamado siddhi.
Suponha que você quer se casar e você não encontra ninguém até os 70 anos. O que você faz? Isto significa que não existe siddhi para você. Suponha agora que, antes mesmo de você querer se casar, existem 10 pessoas que estão lhe dizendo, “Por favor, case-se comigo”, isto significa que você tem siddhis.
Existe um provérbio na Índia, quando você tinha dentes você não comia castanhas, e quando você quer castanhas, já perdeu seus dentes.
Então, você não poderia receber castanhas quando seus dentes estavam intactos. Quando você ganhou as castanhas, naquela época você não tinha mais dentes. Então, isto é ausência de siddhi. Você ganhou o que queria, mas foi tarde demais.
Agora, se você queria algo mas ganhou menos do que queria, então isto também é ausência de siddhi. Suponha que você quer ir à Califórnia e precisa de $1500, mas você conseguiu apenas $1300, então isto é falta de siddhi. Mas, quando antes do tempo, mais do que você precisa aparece, isto é siddhi.
As coisas devem apenas aparecer. Se aparece mais tarde, então não tem valor, e se não é suficiente então também não adianta. Então, o que quer que você precise quando vem na hora certa, isto é chamado de siddhi.
Mais do que precisa, antes do tempo, a chegada de coisas materiais é chamado siddhis. Mais do que precisa, não para satisfazer ganância. Então, mais do que precisa e antes do tempo.
Gurudev, apenas estar na sua presença é maravilhoso. Por que nós precisamos de todas essa práticas de meditação? É necessário essa prática regularmente?
Gurudev: Sim, para que você tenha algo a fazer e eu tenha algo a fazer.
Existe quatro níveis. O primeiro é Sanidhya o qual significa sentir a presença.
Depois, Samipya, sentir-se perto do Guru ou do Divino. O sentimento de proximidade tem que vir do seu lado. Ninguém pode fazer você se sentir próximo. Tem que vir de você.
Depois tem Sarupya, ser um com a forma. O que significa que não há diferença entre eu e você.
E então Sayujya, que significa se dissolver no Divino.
Gurudev, se a Arte de Viver tem tudo haver com espiritualidade e nada com religião, então por que nós cantamos tantos bhajans sobre Krishna e outros deuses indianos em geral?
Gurudev: Veja, cantar faz parte da espiritualidade. E os cantos ancestrais que nós cantamos são chamados de mantras, ele têm vibrações que tem um impacto em você. Então, é apenas um estilo de vida. Om Namah Shivya é chamado de mantra, e cantar mantras é parte da espiritualidade.
Desde que você nasceu, seu batismo, seu casamento e velório são todos de acordo com sua religião. Mas a espiritualidade é qualquer coisa que melhora sua vida. Então mesmo que a yoga, a meditação, etc., nasceram nas tradições antigas, estas são parte de um jeito de viver, não uma religião.
Alguém perguntou ao presidente da Índia, Dr. Sarvepalli Radhankrishana, que é hindu, a definição do Hinduísmo. Ele disse, ‘Não existe uma maneira de definir o Hinduísmo. É apenas um jeito de viver.’
Então, como existem muitas religiões, uma coisa que é um jeito de viver também passou a ser chamada de religião, sendo assim Hinduísmo não é uma religião, é apenas um jeito de viver.
No entanto, estes mantras têm um impacto no nosso sistema, na nossa mente, e na nossa consciência. Quanto mais antigo o mantra, maior o impacto que ele tem nos níveis mais profundos da nossa consciência. É por isso que dizemos para emanar o Om.
Não é Krishna ou qualquer outra coisa, mas sim o valor do mantra que é importante.
Gurudev, assim como temos tipos diferentes de oratória, existem tipos diferentes de silêncio?
Gurudev: Existem tipos diferentes de vazio? Silêncio é silêncio, vazio é vazio. Se uma tigela está vazia, você não pode perguntar que tipo de vazio é este. Mas se estiver cheia, você pode perguntar de que ela está cheia.
Na fala sim, existem quatro tipos diferentes de fala: Para, Pashyanti, Madhyama e Vaikhari.
Vaikhari é o nível mais rústico da fala, é como estamos falando agora.
Pashyanti é mais suave do que isso. É a fala sem palavras. Você sente as vibrações, você sente a ideia, e você não precisa verbaliza-la. Isto é Pashyanti.
Uma criança nunca te diz, ‘Ah, eu te amo!’ Mas ela apenas olha pra você e você sente o amor. Amor e emoções são passadas sem palavras. Isto é Pashyanti: reconhecer sem palavras.
Madhyama é ainda mais sutil. Vem antes do campo da expressão. Isto se chama Madhyama. É natural do ser antes mesmo dele chegar perto do campo da expressão. É transmitido sem ajuda de um meio. Em pashyanti existe um meio de transmissão. É transmitido sem palavras, mas existe um meio. Em madhyama, nem isso existe.
Para é ainda mais sutil. É aquela linguagem dos primórdios. Não existe linguagem, ou palavras, mas somente aquele conhecimento crescendo na consciência. Isto é para.
Então temos para, pashyanti, madhyama e vaikhary é o último. É isso.
No livro chamado ‘The Proof of Heaven’, o autor menciona a comunicação sem palavras. Ele teve esta experiência quando estava em coma. E ele diz que o nome do Divino é Om.
Você já leu este livro? Ele é muito interessante.
É sobre um médico nos E.U.A. que é um neuro-cirurgião. Ele entrou em coma e todos pensavam que ele estava praticamente morto. Quando ele saiu do coma, ele escreveu sobre sua experiência, ele escreveu A Prova do Paraíso. Ele escreveu sobre como ele foi até outros planos. O que é absolutamente fascinante, e sua descrição é a mesma que esta em Vedanta (a mais antiga escritura do Hinduísmo), em Puranas (antigos textos védicos), e nos textos antigos. A mesma exata coisa. Ele escreveu, o que eu venho dizendo há muitos anos, que existe uma luz e nome da luz é Om, o qual é onipresente, onisciente, tão amoroso e querido.
Ele também disse que passou por uma árvore onde as raízes ficam por cima e os galhos são em baixo. Isto é o Bhagavad Gita. A pessoa passa pelas raízes para ir para o outro lado. E ele fala sobre essas raízes.
Depois ele fala sobre o ovo de ouro, o que chamamos de Hiranyagarbha. Ele diz que o núcleo, que é o centro, é atman (o princípio da vida). O atman é o núcleo, e o ovo de ouro (Hiranyagarbha) é a casca. Isto é exatamente o que você lerá em Bhagavad Gita. Então, ele fala sobre a comunicação, e ele diz que a comunicação costuma ser sem palavras, sem idioma, e isto é exatamente pashyanti, para, madhyama, e vaikhari. É muito interessante o livro.
Querido Gurudev, quando você vê uma pessoa perto de você que está ansiosa, ou com medo, como você faz para trazê-la para o amor?
Gurudev: Apenas não se preocupe, a pessoa irá achar o caminho por si mesma. É tudo uma questão de tempo; tempo e lugar. Existe uma frase em Hindu que diz, o mundo tem tudo, o mundo tem muitos presentes, mas a pessoa sem um bom karma não ganha nada.